domingo, 22 de maio de 2011

Casos e acasos.


Lá vinha o seu João de mais um dia cansativo no trabalho. Porém hoje fora a gota d’água. Fazia tudo direitinho a mais de 8 anos e foi demitido. Nada justo. Porém o que podia fazer? O que mais o preocupava era o que ia fazer com a situação em casa. Contas para pagar, filhos para criar, mulher pra sustentar. E que trabalho dá sustentar mulher, pensava o seu João. Enquanto caminhava com a cabeça quente, não percebeu quando a van preta se aproximava. Desceram os dois homens encapuzados, fortões, pegaram o seu João como um boneco e o jogaram dentro do carro. Logo partiram em disparada.
Seu João, vendado, tentava enxergar alguma coisa. Enquanto um homem de voz grossa falava:
- Achou que ia escapar de mim hein Sr. Smith?
- Hã? Tá doido? - Pensava o seu João enquanto ainda tentava enxergar algo.
- Haha, você não me engana mais Sr. Smith – retrucou o homem da voz grossa.
- Mas eu não estou querendo enganar ninguém, meu caro – respondeu o seu João sem entender nada do que estava acontecendo. E então falou o homem da voz grossa expôs todos os fatos em questão:
- Senhor Smith, venho seguindo o seu rastro a anos, suas mudanças de identidade, suas paradas em hotéis, os lugares mais frequentados, temos também a lista de todos os cassinos que o senhor roubou. Sabemos mais sobre a sua vida do que você mesmo, meu caro.
- Mas o que está acontecendo aqui?  - falou o seu João indignado – Isso é algum tipo de pegadinha não é? Só pode ser meu Deus do céu, não acham pouco tudo que eu passei, ainda querem fazer isso comigo!
- Não adianta mais mentir, Senhor Smith, você foi pego, assuma o que fez. Não há mais saída, preferi fazer isso as escondidas, para dar um fim em você de vez por todas – falou o homem com seriedade.
Então o seu João percebeu que aquilo era sério. Haviam o confundido com outra pessoa. Estava claro. O quer iria fazer agora? Ficou por um momento em silêncio, e então se decidiu.
- É, está certo. Vamos logo com isso. Acabar logo com tudo. Façam o que tem de fazer – disse o seu João.
Então o homem da voz grossa fez o gesto para parar o carro, os dois homens fortões levantaram-se e novamente pegaram o seu João, e se prepararam para jogá-lo da ponte, quando o homem disse:
- E então, qual sua última palavra? Darei essa honra a você, só por admirar seu modo de agir.
- Viver com honra, morrer com honra – falou o seu João.
Então jogaram seu João da ponte, e lá se foi o coitado do seu João. Que não tinha mais nada, nem motivo pra viver.  Mas morreu, como Sr. Smith, famoso golpeador , homem de varias mulheres, rico e experiente. Pelo menos é algo importante, aos olhos do seu João.
Maneira engraçada de morrer.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"Sinto uma mudança nos ventos"

Acordei e decidi mudar.
Cansei dessa. Levantei meio indisposto, tomei um banho gelado e me mandei. Percebi que não devo me preocupar com nada, aproveitar o meu tempo, o tempo que ainda me resta.
Aproveitar o mundo e as coisas que ele me tem para me oferecer. Abraçar meu próprio destino e o que me tornei. Mesmo que talvez isso acabe comigo.
Hora, pelo menos poderei dizer que aproveitei de um modo diferente.
Não vou deixar de cuidar dela, mas também, vou viver um pouco. Entregar-me de vez a esse mar traiçoeiro chamado de “vida”.
E se isso não me levar a lugar algum, pelo menos servirei de exemplo. Já é alguma coisa.
Não posso mais ficar parado, esperar que algo caia do céu e mude tudo, devo seguir em frente e ver no que vai dar. Arriscar, mudar. Vamos ver até onde vou chegar.

“O homem maduro é o que desiste da virtude impossível, para não perder a possível”

sábado, 14 de maio de 2011

Sem Título.

Entediado.
Será que essa é a palavra certa? Acho que não escolhi bem. Enfim, aos olhos dos outros, ele parecia estar assim.
Cansado também. Todo dia agora parecia a mesma coisa. Há uma semana bebia todos os dias para poder dormir, ainda dormia mal.
Estava se acabando por completo, aos poucos, sabia que sua vida estava indo embora, por uma causa sem razão.
Embora às vezes tivesse alguns momentos bons, já não sentia a mesma coisa que um dia sentiu. Antes tudo tinha mais sentido, sabia que seu tempo de ser feliz já havia passado. E sabia que talvez não encontrasse mais felicidade alguma. Seu motivo de felicidade havia ido embora: sua mulher.
Errado quem disse que homem não chora.
Já havia chorado se desesperado, brigado consigo mesmo.
Porém agora, não sentia mais nada dentro de si mesmo, apenas tristeza por saber que havia se tornado aquilo. Queria estar com ela, mas não sabia como.
Aos olhos de outros, isso parecia simples.
Porém para ele que já tinha vivido e passado por tudo que passou, tudo estava confuso. Não conseguia entender-se com ele próprio.
Ficava nervoso ao pensar nisso.
Decidiu sair, pegou seus cigarros, saiu.
Respirou, fumou. Sentiu-se mais calmo.
Olhando o vidro do carro, podia ver a si mesmo.
Então sentiu aquela velha sensação de sempre.
Estava...Entediado, por assim dizer.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Tempo

Parece que quanto mais eu fiz, menos adiantou. Tentei, juro que tentei.
No começo parecia estar conseguindo, mais não sei onde, nem o porquê, sei que alguma coisa desandou.
Talvez eu mesmo tenha feito besteira, ou não. Enfim, pensar nisso me deixa confuso até hoje.
Ela pra mim era como minha vida, como um tudo. Não me importava mais nada se eu a tivesse seria capaz de tudo pra manter isso pra sempre.
Porém não me arrependo dessa época, fui feliz.
Mais veio e passou tão rápido. Queria mais, muito mais.
Acabou.
Tive raiva, medo, tristeza, paciência, vontade de sumir, mudança.
Mudança.
Coisa de que não me orgulho. Fiz coisas, vi coisas, passei por coisas. Estranhas, legais, interessantes, ruins.
Mas foram todas coisas tão passageiras.
Hoje sei que posso passar por tudo de novo e muito mais, e ainda vou querer o tempo em que estive com ela.
Não é que não queira agora, mas acho que a mudança, me fez perder muita coisa.
Isso é culpa minha. Eu sei. Não vou colocá-la em ninguém.
Mas também não consigo largá-la. Sinto que parte de mim nunca vai conseguir isso.
Pode parecer que não me importo com nada que acontece, mas me importo sim. Talvez só o tempo tenha mudado meu jeito de agir.
Tenho medo de machucá-la. Ela merece coisa bem melhor do que sou hoje.
Espero que as coisas melhorem. Que se tiver sorte, ainda possa fazê-la feliz.
É só o que eu quero. Saber que ela está feliz.


“Quem tem dificuldade pra amar, é quem mais precisa de amor”

segunda-feira, 9 de maio de 2011

"O tempo é uma raposa, quando você vê ele já te levou tudo"


Não sei se já se sentiram assim, é meio que, sem vontade de viver...
Coisa estranha de sentir.
Afinal, qual o propósito de estarmos aqui se não for pra viver? Acho que o problema é que às vezes nos falta alguma coisa.
Ou pelo menos achamos que falta. E passamos a procurar e procurar.
Alguns descobrem o que lhes falta, outros não. E passam a vida inteira atrás de algo que nunca chega.
Na minha opinião, devíamos procurar as respostas dentro de nós mesmos. E assim logo iríamos perceber que não nos falta nada.
A vida inteira está ai a nossa espera, é só viver enquanto é tempo.
Não espere, vá atrás do que você quer.
Não pense demais, aja.
E não deixe pra depois, o que pode fazer agora.
Acredite, você realmente pode se arrepender depois.
Oportunidades são únicas. Momentos que não voltam mais.

sábado, 7 de maio de 2011

"Algo que nunca disse muito: eu te amo.

Meu pai também não me dizia muito, e achei que seria diferente, mas não sou. Tentei, mas em algum ponto do caminho sempre tem um retrocesso. Sinto muito por isso. E sinto muito, por não termos muitas conversas, pois sinto sua falta.

Você é um bom garoto, e também é engraçado, e é meu único filho. Disse que nunca li seus livros, mas menti.
Li todos. Só não sabia como falar deles com você. Eu não gostava dos pais neles.

Sei que vocês escritores tomam certas liberdades, mas receio que talvez você não tenha tomado nenhuma.
Mas essa é a questão: Garotos tornam-se homens e homens tornam-se maridos e pais. E fazemos o melhor que podemos. Você está fazendo o melhor que pode. E está conseguindo.

Seus livros estarão nas livrarias até depois da nossa partida, e isso é importante. Mais importante é como trata sua família.
Não fui um marido perfeito, mas amei sua mãe, e estou feliz que tenhamos passado a vida juntos. E estou aqui se precisar de mim. Isso é tudo que eu queria dizer.

Com amor. Seu velho."

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Rotina


Todos os dias vejo pela janela o mesmo carro passar. Cinza. No mesmo horário em que tomo café. Passo a maior parte do dia na janela, gosto de observar. Pessoas com pressa vão a algum lugar, com algum compromisso. Outras passam apenas por caminhar.
Algumas vezes vejo algo novo, mas na maior parte das vezes, sempre os mesmos rostos. Observo sempre o cão na casa da frente passar para o terreno do vizinho, talvez ele pense que a grama lá seja mais verde. Então o vizinho sai, e começa a barulheira. O cachorro corre, volta para sua casinha, esconde-se. Lá ele sabe que está protegido. É o seu espaço, onde ninguém pode invadir.
A tarde chega, as pessoas voltam dos seus compromissos. Com a mesma pressa que foram, porém agora, exaustos.
Enfim, a rotina. isso acaba com a graça da vida. Deveríamos poder fazer coisas diferentes todos os dias, seguir caminhos diferentes, tentar começar cada dia com um novo objetivo.
Talvez assim não ficássemos cansados da nossa própria vida, e acabar reclamando de barriga cheia, como tantos outros, que se deixam ser levados pela rotina.
Inove, mude enquanto é tempo. O ser humano tem a capacidade de mudar e se adaptar.

Fim da linha


Sentado à mesa antiga, com a velha madeira já consumida pelo tempo, ele não parava de olhar as horas no velho relógio de parede, o irritante barulho do ponteiro agora o deixava calmo. Procurava uma saída, sabia que estava perdido. Para ele não havia mais sentido em continuar seguindo.
Decidiu que precisava de mais um copo de uísque. Já não sabia o que pensar o que fazer o que sentir. Talvez precisasse de um momento só, porém quando estava só, se sentia vazio. Às vezes achava que aquilo não era pra ele, que devia voltar pra velha vida, seria mais fácil. Uma maneira de fugir da realidade.
Pensamentos confusos lhe invadiam a cabeça, talvez estivesse ficando louco. O mais certo seria fugir mesmo, largar tudo, como se nada disso importasse. Porém era a sua vida e a de outras pessoas, não se pode largar tudo assim. Não é um jogo.
O copo secou novamente. Decidiu que iria fazer o obvio: nada.
Deixar o tempo tomar conta de tudo, não por vontade. Mas talvez por ser sua única escolha.